Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita.
Acontece que esta menina frequentava as aulas da escolinha local no mais lamentável estado: suas roupas eram tão velhas que seu professor resolveu dar-lhe um vestido novo. Assim raciocinou o mestre: ‘ É uma pena que uma aluna tão encantadora venha às aulas desarrumada desse jeito. Talvez, com sacrifício, eu pudesse comprar para ela um vestido azul. ’
Quando a garota ganhou a roupa nova, sua mãe não achou razoável que, com aquele traje tão bonito, a filha continuasse a ir ao colégio suja como sempre, começou a dar-lhe banho todos os dias, antes das aulas.
Ao fim de uma semana o pai observando sua filha indo para escola toda limpa e arrumada, disse à sua esposa: ‘ Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more num lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal ajeitar um pouco a casa, enquanto eu, nas horas vagas, pinto as paredes, conserto a cerca e planto um jardim? ’
E assim fez o humilde casal. Até que sua casa ficou muito mais bonita que todas as casas da rua, e os vizinhos, envergonhados, puseram-se também a reformar suas residências.
Deste modo, todo bairro melhorava a olhos vistos, quando por ali passou um político que, bem impressionado, disse: ‘É lamentável que gente tão esforçada não receba nenhuma ajuda do governo‘.
E dali saiu para falar com o prefeito, que o autorizou a organizar uma comissão para estudar que melhoramentos eram necessários ao bairro onde dali saiu saneamento básico para todo bairro (tratamento de água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública de ruas e avenidas, coleta de lixo) e uma escola em tempo integral.
E pensar que tudo começou com um vestido azul.
Não era a intenção daquele simples professor consertar todo bairro e melhorar a educação.
Mas ele fez o que podia, o seu movimento desencadeou toda aquela transformação social.
É difícil reconstruir um bairro, mas é possível dar um vestido azul.
Na minha área profissional, em tecnologia, dizemos que quando encontramos um problema precisamos sempre encontrar a causa raiz e resolvê-lo, caso contrário, resolveremos o problema de forma pontual e logo voltará a ocorrer novamente entrando num ciclo sem fim, desperdiçando recursos financeiros e humanos que poderiam ser dedicados para melhorias e novos projetos para crescimento sustentável da empresa.
Tanto a educação, quanto a saúde no Brasil sofrem do mesmo sintoma, são bilhões desperdiçados em problemas pontuais e não gastos nas soluções definitivas (causas raízes).
Vejamos um exemplo de um hospital onde os médicos atuam na ponta do problema e não na causa raiz: Crianças chegam no hospital desfalecidas -> Recebem o tratamento adequado –> Ficam Boas e retornam para casa -> E logo retornam ao hospital (ciclo sem fim).
Muitas vezes quando buscamos a causa raiz desta criança retornar com frequência ao hospital pode ser a mãe que precisou parar de trabalhar para cuidar do filho doente, o pai que não faz mais parte do núcleo familiar, falta de informação e recursos para tudo – desde normas de higiene até falta de comida.
Sanar as necessidades imediatas é importante sim, mas fica de longe quando tratamos as soluções definitivas para resolver as causas raízes de temas como drogas, abandono, doenças, pobreza, desigualdade, falta de educação, corrupção e etc.
Temos diversas problemas para serem resolvidas e é aí que entra o papel das instituições e comunidades como governos, escolas, hospitais, igrejas, empresas, entidades sem fins lucrativos, onde esse enorme ecossistema é feito por pessoas, então a solução para resolvermos todos os problemas deve sair das pessoas e principalmente a sua contribuição!
Talvez você não possa dar um vestido azul para uma garotinha que necessite, mas você pode com toda certeza adoçar a vida de alguém lhe dando um abraço, aconselhando, participando, ajudando, colaborando, etc…
Precisamos de mais líderes para ajudar nessa batalha. Posso contar com você?
“Dê um peixe para uma família = ato de caridade
Ensine a família a pescar = sustentabilidade
Organize uma comunidade para pesca coletiva = transformação social”
Estamos juntos nessa batalha meu amigo(a)!